Noites Brancas
Manuela Costa Lima
curadoria Fernando Mota
São Paulo, 10 de julho de 2021 – 7 de agosto de 2021
“Essa vida é uma mistura de algo puramente fantástico, calidamente ideal e, ao mesmo tempo, palidamente prosaico e comum, para não dizer vulgar até o inverossímil.”
[Fyodor Dostoevsky – Noites Brancas]
A exposição Noites Brancas, individual de Manuela Costa Lima, surge após uma serie de diálogos da artista com o curador Fernando Mota acerca dos cruzamentos entre arte contemporânea, urbanismo, literatura russa e religião. Em síntese, a mostra gira em torno das mais variadas formas de interpretação da iluminação por essência.
Inicialmente, o propósito era expor um recorte recente da produção da artista, porém, analisando os trabalhos e conversando a respeito de suas origens em uma visita de ateliê, a prosa evoluiu para um campo interdisciplinar muito além das artes visuais, onde o conteúdo, a forma e o conceito da mostra misturam diversas linguagens plásticas e poéticas enquanto apresentação teórica e empírica desses recentes debates, nos quais percebemos a luz como meio, motivo, medida e matéria.
Noites Brancas é composta sobretudo por um conjunto de presenças: o grupo central de sete esculturas cujos nomes aludem a historias e estórias russas, duas séries de estudos que mesclam escritos e desenhos dessas mesmas personagens de natureza híbrida artística-literária, e ainda, certos objetos “infiltrados” pontualmente na narrativa e no espaço expositivo – incluindo uma intervenção direta na fachada do edifício.
O fenômeno das noites brancas ocorre nas semanas próximas ao solstício de verão do norte da Russia, e em termos científicos representa o chamado crepúsculo civil – quando o sol não se põe por completo, permanecendo por algumas horas atrás do horizonte antes de nascer novamente, de forma que não há escuridão absoluta. Logo, a noite se funde ao dia, e por consequência, a percepção atmosférica afeta temporariamente o comportamento e as dinâmicas da sociedade local.
Fernando Mota