Desmanchar, desfaz

Ana Cláudia Almeida, Ana Clara Tito, Arorá, Carla Santana, Manuela Costa Lima, Marcelo Pacheco, Marina Woisky, Tatiana Chalhoub e Thomaz Rosa

curadoria Guilherme Teixeira
São Paulo, 13 de agosto – 15 de outubro de 2022

 

Aqui algo se propõe a outro nome.

É como se houvesse um limite aqui, limite naquilo que sabemos sobre os corpos que se tocam nesse espaço e também sobre o que sabemos a respeito dos modos como a história impeliu seus gestos. Nesse movimento estranho que habita essas paredes, pedimos que todos deem de quatro a cinco passos para trás e avaliem toda essência de possibilidade que se esconde no manuseio da matéria que expomos aqui. Não há, e nem queremos que haja, certeza alguma em como os pulsos se dobram sobre a matéria, muito menos no jeito que a matéria se dobra sobre o suporte e, menos ainda, naquilo que se entrega aos nossos olhos sem certeza nenhuma.

É como se houvesse um limite aqui, e o pulso busca onde sua dobra é possibilidade infinita ao gesto, evitando a própria falência na busca de entender onde habita a sua linha longa na história. É também sobre onde nasce o gesto e como, de todas as suas condições, com absoluta certeza atesta que a mais agressora foi a humana.

Há um limite aqui, em confronto permanente com algo que não pode ser apropriado, e que fala a nós da importância – se há alguma – da história no modo como vazam do pulso, do aperto, do beijo, coisas cujo nomes não sabemos ainda quais são. É algo como uma tarefa, infinita e sisifiana, da qual nem os pleonasmos dão mais conta. Há um limite aqui, que questiona os meios pelos quais materiais se emulam, gestos se reconfiguram e discursos se projetam no modo em que enxergamos a matéria hoje.

Aqui algo se propõe a outro nome.

Guilherme Teixeira

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